Empirismo colaborativo, o diálogo socrático e a descoberta guiada são caracterizados como estratégias de mudança, fatores comuns a muitas técnicas da terapia cognitiva.

 

O Empirismo colaborativo é alcançado quando paciente e terapeuta unem forças para investigar pensamentos e experiências de uma maneira derivada do método cientifico através o desenvolvimento de hipóteses em relação aos pensamentos por meio de análise lógica de forma colaborativa, pois as técnicas para mudança são compartilhadas entre a dupla.

 

O diálogo socrático é constituído por uma série de perguntas de final aberto e de mente aberta com o intento de trazer uma conexão mais lógica e racional das experiências interiores do indivíduo. Método descrito por quatro passos básicos:

1. Caracterização do problema de forma específica e precisa;

2. Identificação do pensamento e crenças;

3. Compreensão do significado dos pensamentos para o paciente;

4. Avaliação das consequências dos pensamentos e suas bases de evidência.

 

A descoberta guiada ajuda a lançar luz sobre o significado dos pensamentos e sobre problemas de lógica ou a criar situações a partir das quais o paciente aprenda novas informações e diferentes formas de pensar, agir e sentir.

As técnicas cognitivas são agrupadas em 4 grupos:

1. Conexão entre pensamentos, situações ativadoras e evocação de afetos negativos;

2. Uso da busca de evidências e distorções cognitivas;

3. Uso de experimentos;

4. Exploração de crenças e pressupostos subjacentes.

 

Conexão dos pensamentos as situações e afeto

O paciente é encorajado a se perguntar o que pensavam em determinadas situações, entretanto muitos podem ter dificuldade de lembrar ou examinar o pensamento, o terapeuta pode utilizar várias outras alternativas.

Existem muitos formulários de registros de pensamentos que podem ser utilizados com este intento, comumente são adaptados para cada tipo de transtorno, mas quase todos possuem colunas que representam a situação, a emoção ou sintoma, e os pensamentos. O preenchimento pode exigir certa prática, muitos podem sentir desconforto em anotar seus pensamentos e mesmo os membros que não tiverem dificuldades de anotar podem provavelmente não registrar os pensamentos “quentes”. Por meio de questionamento e diálogo o terapeuta pode ajudar o paciente a refinar a habilidade de registrar pensamentos e se tornar mais ciente dos pensamentos “quentes”.

 

Uso da busca de evidências e distorções cognitivas

Utilizando uma abordagem socrática os pacientes aprendem a questionar as evidências em torno de um pensamento angustiante buscando uma visão mais ampla da situação, entretanto o exame das distorções não representa o “pensamento positivo”. Os terapeutas fazem perguntas que (1) Verificam todos os parâmetros situacionais relacionados ao pensamento negativo; (2) Solicitam que os pacientes mudem de perspectivas, percebendo a situação “através” de outras pessoas; (3) Fazem os pacientes focalizarem informações incompletas ou indefinidas. Diante das novas informações o terapeuta solicita ao paciente que considere um “pensamento alternativo” que leve em conta todas as evidências.

A compreensão das distorções cognitivas ajuda no rápido ataque aos seus próprios erros cognitivos.

 

Experimentos

O uso de experimentos pode ser necessário para complementar informações por meio da criação de hipóteses e a maneira de testá-la, tal hipótese pode ser confirmada ou não. No contexto grupal, as hipóteses e os métodos do experimento são influenciados de forma mais complexa pelo grupo inteiro, a dupla paciente e terapeuta podem contribuir com sugestões novas e úteis para testar as idéias.

 

Exploração de crenças e pressupostos subjacentes

Um conjunto de pensamentos automáticos com o mesmo tema podem dar indícios de crenças mais arraigadas dos pacientes sobre si mesmos, outros ou o mundo. Uma das características da terapia é ajudar ao paciente a compreender suas crenças subjacentes, possibilitando que alterem os fatores que fazem surgir seus pensamentos disfuncionais e consequentemente suas emoções.

A técnica seta descendente é uma das estratégias mais comuns para identificar crenças. Através de um pensamento automático os pacientes são estimulados a aprofundar seu nível de afeto e a explorar o pensamento.
Dando seguimento o terapeuta deve explorar as estratégias compensatórias verificando juntamente com o paciente se estas são adaptativas ou não, procurando reduzir a confiança nas crenças disfuncionais e rígidas. Crenças mais equilibradas e menos rígidas com freqüência emergem do diálogo socrático.

Antes de adentrar nas intervenções relativa às crenças centrais o terapeuta explica como estas foram criadas e ativadas no decorrer da vida, não são acidentais ou aleatórias, e sim resultados compreensíveis das experiências. Esses tipos de crenças podem ser “reaprendidos” com ajuda da experiência terapêutica.

Umas das estratégias mais utilizadas em transtornos dos quais o medo e a evitação sejam características importantes são as baseadas em exposição, segue abaixo alguns tipos de exposições.

 

Exposição in vivo

A prática envolve confrontar diretamente um objeto ou situação temida. A exposição é praticada entre as sessões e também pode ser praticada no consultório.

 

Exposições simuladas e encenações comportamentais

Uma forma de exposição que se assemelha com a situação real temida. Este tipo de exposição é útil quanto à prática da exposição real se torna inviável ou quando o cliente acha inicialmente muito difícil praticar a exposição real.
Geralmente é utilizada com fotos, óculos tridimensionais ou encenações entre os membros do grupo como no THS.

 

Exposição imaginária

Consiste na apresentação do estimulo temido por meio da imaginação. A exposição pode envolver (1) descrever uma lembrança ou imagem temida em voz alta, (2) O terapeuta ler a descrição de uma imagem ou cenário temido para um cliente ou (3) Fazer o cliente trazer silenciosamente uma imagem temida a mente. Entretanto as imagens são utilizadas de acordo com cada paciente.

 

Exposição aos sintomas

Evolve a prática de exercícios projetados para induzir vários sintomas e sensações temidas, até que não sejam mais assustadores (também conhecida como “exposição interoceptiva”).

A hierarquia de exposição é uma lista de exposições referente ao objeto temido, incluem uma lista de itens começando pelos mais fáceis até os mais difíceis.

 

Habilidades sociais

O treinamento de habilidades sociais é inserido com freqüência no tratamento de diversos transtornos. Essencialmente o processo envolve ensinar os clientes a identificar ausência de habilidades em contextos sociais ou comportamentos relativos à comunicação que gostariam de modificar. è útil começar fazendo os clientes identificarem comportamentos sociais que gostariam de trabalhar, em vez de o terapeuta indicar problemas nas habilidades sociais que o cliente pode nem ter consciência.

 

O treinamento em resolução de problemas

focaliza a tendência a encarar os problemas de forma vaga, geral e catastrófica e a falha em reconhecer e programar possíveis soluções. Além disso, o treinamento pode focalizar questões relacionadas, como habilidades de administração do tempo e de organização em geral. O treinamento em resolução de problemas incluem cinco passos:

1. Definir o problema;

2. buscar possíveis soluções;

3. Avaliar possíveis soluções;

4. Escolher a melhor solução e;

5. implementar a solução.

Os pacientes devem ser encorajados a praticar ao longo da semana à medida que surgirem problemas no dia-a-dia.

 

Júlio Alves

 


Bibliografia

Bieling, P. J., Mccabe, R. E., & Anotony, M. M. (2008). Terapia cognitivo-comportamental em grupos. Porto Alegre: Artmed.
Knapp, P., & Beck, A. T. (2008). Fundamentos, modelos conceituais, aplicações e pesquisa da terapia cognitiva. Revista Brasileira de Psiquiatria, 30, s54-s64.

 

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